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CCEV - Comunidade Casa Esperança e Vida
testemunhos

Escrevi este texto em 27 de agosto de 2017 falando sobre a minha experiência catequética na CCEV

 

SUPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PESSOAL DE UM DEPENDENTE QUÍMICO

 

Parte 1 - A catequese – aprendendo a valorizar a vida

 

Quero compartilhar aqui a experiência vivenciada por um rapaz de 26 anos que com uma série de prejuízos pessoais, físicos, sociais, profissionais e familiares causados pelo seu comportamento problemático acabou sendo encaminhado a uma Comunidade Terapêutica para realizar um processo de tratamento da dependência química do álcool e outras drogas (cocaína, maconha e tabaco). Antes de sua família tomar a decisão mais complexa no início de 1998 este rapaz já havia tentado mudar de vida. Em 1997 iniciou um acompanhamento em grupos de apoio para dependentes químicos após realizar um Encontro de Jovens com Cristo. Ficou abstinente por alguns meses, ou seja, sem fazer uso de álcool e outras drogas, mas o “prazo de validade” acabou, voltou a andar com as velhas companhias, frequentar os mesmos locais, abandonou gradativamente o grupo de apoio, voltou a consumir bebidas alcoólicas e por fim retornou ao mesmo padrão de uso de outras drogas de antes. Devido a situação lastimável em que se encontrava aceitou ajuda e foi parar em uma Comunidade Terapêutica chamada NURI (Núcleo de Restauração Integral) da Comunidade Casa Esperança e Vida (CCEV). Neste local a filosofia de trabalho e de tratamento na época, mais de 20 anos atrás, era o ORA ET LABORA (Oração e Trabalho) e assim deu início ao seu processo de recuperação. A abordagem realizada nesta instituição era de abstinência total das drogas e de imediato se viu “obrigado” a lidar com a interrupção do uso de todas as substâncias psicoativas das quais fazia o uso problemático: cocaína, maconha, bebidas alcoólicas e o tabaco também, pois não era permitido fumar cigarro naquele local. A sua primeira semana foi a mais difícil, com noites sem dormir e gradativa adaptação a uma rotina rígida com mudança radical de hábitos e de atividades diárias com regras e disciplina, tudo que ele menos tinha na ocasião.

Acordar às 6:00 da manhã, ir para a capela, rezar o primeiro terço do dia e participar da celebração. Às 10 hs iniciar as atividades laborais. Às 12 hs almoçar, rezar o segundo terço do dia e até às 14 hs para descansar. Das 14 hs às 18 hs atividades laborais no período da tarde, com um intervalo para o café da tarde. Das 18 hs às 20 hs lazer, banho, rezar o terceiro terço e jantar. Das 20:00 às 22:00 estudos, espiritualidade, reuniões, chá da noite e dormir. Uma rotina que, de início, foi bem difícil para se adaptar. Uma pessoa com a vida desregrada, sem horários, sem limites, indisciplinado, desobediente às regras e sem interesses saudáveis. Este rapaz se sentia estranho pois estava ali tentando de alguma forma descobrir o que a vida ainda podia lhe oferecer. Apesar de ainda jovem com apenas 26 anos não se via mais capaz de produzir ou realizar coisas legais. Se sentia fracassado, derrotado, infeliz, desamparado, sozinho. Sem auto estima, sem autoconfiança, com muita raiva, rancores e amarguras em seu coração. Mas dia a dia foi entendendo melhor o significado de sua estadia neste lugar. Começou a prestar mais atenção nas atividades espirituais e ficou particularmente intrigado quando em um determinado momento da celebração, realizada todas as manhãs, a imensa maioria das pessoas que ali estavam, ficavam de joelhos diante de um objeto branco e redondo que ficava guardado em um outro objeto de cor dourada. Repetia os movimentos dos outros mas sem entender o que de fato estava fazendo. Achava estranho as pessoas se manifestarem diante daquele “objeto” de forma tão obediente e se comportarem como submissos. Este rapaz até tinha feito catecismo na Igreja Católica, fez a primeira comunhão e tinha sido batizado, no entanto, não entendia do que se tratava toda aquela reverência neste ritual matutino. A catequese deste dependente químico começou a acontecer de fato quando descobriu que aquele objeto branco e redondo sobre aquela mesa, que depois também descobriu que se chamava altar, na verdade era a hóstia consagrada que além de ser consumida nas missas também poderia ser adorada em momentos de contemplação durante missa. Como assim? Adorar a hóstia? Por quê?

A catequese deste dependente químico começou a ser cada vez mais rica e ele foi aos poucos descobrindo coisas que não tinham o menor significado para ele até então. A sua inquietação por saber mais levou-o a um processo de descoberta dos ensinamentos cristãos. O terço não era mais apenas uma obrigação, mas sim um processo de devoção e de busca de sentido para tudo aquilo. Descobriu que sua identidade cristã Católica se dava a partir da oração do terço e com o tempo descobriu que o que fazia todos os dias era a oração completa do rosário e que nestas orações se aprendia mais sobre a vida de Jesus. A catequese deste dependente químico se deu pela prática diária destas atividades e exercícios espirituais e o maior e mais sublime ensinamento foi descobrir que ao se ajoelhar diante daquele objeto redondo e branco na verdade estava contemplando e adorando Aquele que de alguma forma o havia levado até ali: Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador. Relatos reais da vida de um dependente químico em recuperação desde então.

 

Ivanildo de Andrade

(Só Por Hoje). 26/05/2003...06/09/2024.

Obrigado Senhor Jesus!!!

Eu faço parte da CCEV Comunidade Casa Esperança e vida desde 03 de junho de 2003, parei com o tabaco em 09 de março de 2007, e peço a DEUS que não me deixe afastar, por que creio que se me afastar fico mais vulnerável.

19. Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles.

Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! (Jo 20) — Palavra da Salvação.

A minha história tem muito haver com a passagem bíblica anterior, pois o lugar fechado era o meu entendimento e o meu medo era o da prisão que as drogas e o álcool exerciam sobre mim. Mas me veio Jesus e disse: "A paz esteja convosco"! Na pessoa da CCEV.

Sou um dependente químico em restauração, fiz uso de drogas, álcool e tabaco. Parei com as drogas ilícitas em 1991, sem um compromisso definitivo e data certa que me lembre, tendo uma recaída em 2001, daí assumi de vez o álcool, droga lícita e cruel.

Não tenho a fórmula mágica para com que as pessoas se libertem dos vícios, mas a minha história pode, quem sabe, ajudar alguém. Mas na verdade toda vez que falo dela o maior beneficiado sou eu.

Frequento a Sala de Partilha da CCEV (online) -que me ajuda não só no meu problema da dependência, mas também na minha formação espiritual, nos meus defeitos de caráter.

Que DEUS abençoe mais a cada dia essa obra e todos os seus benfeitores.

Obrigado Ir Bernardo — Fradão e sua benção!

 

Custódio Silva Moreira

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